UPA - Meu Monstro Favorito: A História por Trás do Amor pela Criatura

Monstros já foram os pesadelos das nossas infâncias, mas agora são amados pela cultura pop. Vampiros brilhantes, zumbis que superam humanos, monstros peludos cuidadores de crianças - todos eles têm um lugar em nossos corações. E entre tantos amores fantasiosos tão estranhos, um sorridente monstrengo rosa chamado UPA se destaca como o objeto de amor de uma fã em particular, Cindy Tian.

Para Cindy, a criatura que mais se destaca é UPA, um personagem do jogo Dragon Quest: Monsters, conhecido em português como Caravan Heart. UPA é uma criatura saltitante, parecida com um peixe, com orelhinhas e uma coisinha rosa na cabeça, uma boca parecida com a de um palhaço - bem, uma boca gigante dentuça que sempre parece sorrir. UPA é um dos muitos monstrinhos que os jogadores podem capturar e treinar no jogo, mas para Cindy, ele é mais que isso.

Cindy não fala muito sobre por que, exatamente, ama UPA. “Eu não sei o que ganho falando sobre isso”, diz ela. “Gosto dele porque gosto dele.” Mas ela fala com carinho das lembranças da primeira vez que o encontrou. “Foi provavelmente vendo uma foto dele em alguma revista de jogos, e achei fofo. Fui atrás do jogo apenas por causa dele.”

Desde então, Cindy tem colecionado o que pode do monstrinho. Ela tem versões de pelúcia, bonecos colecionáveis, adesivos e roupas com o desenho de UPA, até uma tatuagem inspirada no personagem. Mas o símbolo mais tocante do amor de Cindy por UPA é, talvez, a máscara de cosplay que ela criou, uma replica perfeita do rosto sorridente de UPA, feita de adesivinhos colados sobre uma máscara ordinária.

“É uma máscara de haste, que comprei em uma loja de artesanato”, explica Cindy. “Eu desenhei a face do UPA, e depois usei pedrinhas colantes de acrílico para finalizar os detalhes.” Ela planeja arrumar algumas melhorias na máscara no futuro, mas ela é usada para momentos cosplay já.

Se ela tem amigos ou fãs da UPA – e ela não parece deter isto, com a exceção dos que encontra na internet – Cindy é relativamente tranquila em relação ao seu amor pelo personagem. “Eu prefiro mantê-lo como algo meu”, explica ela. “Algumas pessoas falam da UPA e nem sabem do que estão falando. Não consigo me forçar a ouvir isso. É estúpido. Não me importo com o que os outros pensam sobre mim.”

Amores estranhos como o de Cindy pela UPA não são incomuns na cultura pop, é claro. Traga à mente o amor doentio de Harley Quinn pelo vilão Coringa, por exemplo, ou a relação complicada de Gollum com o anel precioso em O Senhor dos Anéis. Ainda assim, Cindy insiste que seu amor pelo UPA não é uma coisa edgy ou estranha, é apenas uma particularidade pessoal.

“Eu acho que por muita gente parece bobo. Posso ver por que - ele é apenas um personagem kawaii (fofo). Mas faz sentido para mim, e me faz feliz. E o que é a cultura pop senão um espaço para as coisas que nos fazem felizes?”

UPA pode ser apenas um monstrengo saltitante, mas Cindy vê uma beleza na simplicidade desse personagem. “Ele é fofo, com uma boca grande e cheia de dentes. Ele é risível, com essas orelhinhas incrivelmente grandes. Eu meio que amo toda a aparência boba dele.”

Mas talvez o que realmente une Cindy ao UPA seja o sentido de confiança que ela encontra no personagem. “UPA se parece com algo que você poderia abraçar, e ele nunca parece se voltar contra você.”

Esse é um senso de segurança emocional que Cindy diz que está desesperadamente faltando em sua vida real. “Muitas pessoas são complicadas e difíceis de lidar. Mas personagens muito simples apenas parecem... Livres de peculiaridades tóxicas, eu acho.”

Pode parecer bobo falar sobre se confortar com um monstrengo de videogame, mas se as pessoas estão procurando por escape e conforto na cultura pop, não é apenas um espaço para isso? Esse é o espaço onde encaixam nossos quadrinhos, nossos videogames, nossos heróis culturais que acreditamos que podem salvar o mundo.

Falar sobre amores estranhos pode ser difícil, especialmente quando eles envolvem um monstro, e especialmente quando essa pessoa é Louise. Mas podemos aprender muito sobre a humanidade, sobre como as pessoas necessitam de criações imaginativas, para colorir e enriquecer seus mundos, para confortá-las, ou para colocá-las no controle. E as pessoas são fundamentalmente estranhas, em suas próprias formas particulares, porque afinal, não é o que a cultura pop nos ensina sobre nós mesmos: que todos temos vários monstros vivendo dentro de nós?

No final das contas, a relação de Cindy com a UPA é sua própria coisa estranha, que não pertence a mais ninguém. Mas essa é toda a maravilha da humanidade, não tem? Pessoas sendo amadas ali onde não se espera, e encontrando felicidade nos lugares mais improváveis. Para Cindy, a inocente e adorável UPA é o seu monstro favorito, e os outros não precisam entendê-lo.